quarta-feira, 7 de julho de 2010

Lolita - Vladimir Nabokov



Esse a maioria conhece a história, ou ao menos acha que conhece. Tudo em razão do filme, ou melhor, dos filmes (1962 e 1997) adaptados da obra. Não vi nenhum dos dois, infelizmente. Pretendo, dentro em breve, mudar isso.
A história é narrada por Humbert, o infeliz apaixonado por Lolita, que a escreve enquanto preso, aguardando sua condenação.
Resumindo bem resumido, praticamente nem fazendo jus a obra, vale dizer que a história é o seguinte: um europeu, sem grandes atribuições (apenas as que ele faz de si próprio), com um desvio de conduta - o bendito sofre da tal da pedofilia. Chamo de desvio de conduta uma vez que o próprio personagem assim a trata. Eis que o cara sai da Europa, vai pra terra do Tio Sam e lá conhece Lolita, uma menina de 12 anos, filha de sua senhoria, por quem se apaixona loucamente. O resto não vou contar porque seria muito spoiler.
O que achei mais inteligente, além da trama em si, é a forma como foi escrita. O narrador/personagem alterna muito a forma de narrar, ora falando em total primeira pessoa, ora mudando para 3ª. A confusão de nomes também é bastante criativa e as falas diretas do narrador ao leitor são simplesmente GENIAIS, como por exemplo "Em sua forma impressa, este livro está sendo lido, assim suponho, nos primeiros anos do próximo século (1935 mais oitenta ou noventa anos: tenha vida longa, meu amor!)..." Como bem disse um amigo meu, é incrível essa questão do tempo. Ao passo que nós, reles mortais um dia simplesmente viramos poeira, o livro é atemporal.
A trama em si é muito bem elaborada e na minha singela opinião o final é inesperado, a coisa toda muda da segunda parte pro final de tal forma que me surpreendeu um bocado.
Na edição que li, ao final do livro, o autor relata um pouco sobre do que se trata o livro afinal. Desse relato, o que mais me chamou atenção foi a forma como ele ridiculariza certas interpretações de seu livro, como a suposição de alguém sobre se tratar da velha Europa corrompendo a nova América ou o contrário, chamando atenção para o fato de que sua intenção era apenas narrar uma trama intrigante e chocante, afinal fala sobre um tabu da época.
Um livro fascinante, muito bem escrito e feliz o dia em que Vladimir resolveu abandonar o anonimato e se revelar o autor desta brilhante trama!

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