quarta-feira, 10 de abril de 2013

Profissões para mulheres e outros artigos feministas - Virginia Woolf



Edição: L&PM Pocket
Tradução: Denise Bottmann
Páginas: 112
Nota: 5/5

E faz meio ano que eu não escrevo um único post, mas isso não quer dizer que nesse tempo todo eu não tenha lido nada. Muito pelo contrário! Li coisas maravilhosas, como a edição completa bilíngue de "As Flores do Mal" de Charles Baudelaire, "Drácula" de Bram Stoker e "O Exorcista" (sim, a mídia original é um livro!). O motivo de não escrever é tão idiota que nem vem ao caso.

Mas todo esse hiato foi quebrado hoje, quando terminei de  ler esta obra incrível da escritora e crítica literária inglesa Adeline Virginia Woolf, Stephen quando solteira. Virginia Woolf não foi apenas responsável por uma inovação literária no campo da linearidade da narrativa, ou do foco narrativo. Não. Ela foi muito mais. Ela foi uma mulher que escrevia sobre mulheres. Não apenas (apenas??) sobre seus sentimentos e perspectivas, mas sim sobre sua realidade. Sua realidade no tocante a educação e ao mercado de trabalho. Virginia Woolf era, senhoras e senhores, uma feminista.
Seu posicionamento sobre a luta feminista era bastante peculiar, crítico, sincero e, acima de tudo, inteligente. Ela ataca de forma feroz, porém sensata, escritores conservadores e suas opiniões absurdamente machistas, e isso era feito publicamente, por meio de cartas enviadas a jornais, ou publicadas pela editora que ela tocava com o marido.
Esse livro fininho é, como o próprio título indica, um apanhado de artigos, de cunho feminista, escritos pela aclamada literata britânica. Sua linguagem é bastante simples e acessível, assemelhando-se muito a uma conversa. Parece ser possível ouvir uma mulher expondo suas opiniões enquanto segue a leitura.
Me emocionei lendo, existe um determinado artigo, escrito a respeito das mulheres membros da União das Trabalhadoras, que realmente me tocou. Foram mulheres que se uniram para discutir, para pensar juntas, para mudar a situação delas, mesmo quando isso parecia impossível, afinal o que pessoas sem direito a voto poderiam fazer para mudar a realidade, não é mesmo?

Sabe o que é triste? Saber que tantas mulheres lutaram e continuam lutando, mas as coisas só mudam quando "eles" querem. Esse meu "eles" não significa seres do sexo masculino, não sou estúpida ao ponto de pensar que gênero e generalizações possam se encaixar aqui, não senhor! Esse "eles" é para definir o "sistema", ou melhor, os dedos responsáveis por apertar o botão, aquele que movimenta o mundo como conhecemos. O mesmo que criou a "questão" da palestina (o que nos mostra o problema e o que o criou, é o mesmo btw). Aquele que gosta de lembrar os horrores do holocausto, mas esquece de dizer o tamanho do estrago da ocupação militar americana em, bom, em todos os lugares!
Mas, ser ativista de sofá é muito fácil, então vou parar de reclamar as mazelas da sociedade aqui e vou tratar de continuar lendo, assim eu posso de alguma forma colaborar com o embasamento dos argumentos daqueles que estão se movimentando para a mudança.