segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Sonho de Uma Tarde de Verão

Bom, dessa vez não vou escrever resenha sobre a obra de ninguém. É apenas uma tentativa de escrever algo meu. Depois de uma singela frase postada no meu Facebook que rendeu muitos comentários resolvi escrever esse conto. Espero que gostem.


Sonho de Uma Tarde de Verão

Eu estava ansiosa para comprar essas passagens, com um verdadeiro frio na barriga só de pensar que seria minha primeira viagem totalmente sozinha. Decidi que segunda-feira à tarde parecia um bom dia para ir até a rodoviária garantir as passagens para a viagem no final de semana.

Não sei exatamente porque, mas fiz questão de me arrumar antes de sair, usando inclusive meu estimado batom vermelho. Acho que queria estar bonita para fazer isso, parecia algo importante. Quando cheguei à porta tive que subir as escadas novamente, pois tinha me esquecido de passar perfume.

Durante todo o trajeto de ônibus até a rodoviária fiquei imaginando como seria a viagem, se eu acabaria me perdendo ou, quem sabe, me encontrando.

A fila das passagens estava enorme, começo de ano, férias de verão, é assim mesmo... Foi quando, depois de verificar as horas pela terceira vez, olhei para o lado e o vi. Não sei dizer o que exatamente me chamou a atenção nele, não era lindo e nem charmoso, apenas diferente.

Nossos olhares se cruzaram e foi assim que o tempo parou. Não sei como e muito menos por quanto tempo, mas parou. Não tiramos os olhos um do outro e senti meu coração bater acelerado. Ele sorriu. Eu sorri de volta. Continuamos apenas nos olhando e sorrindo.

Só voltei à realidade com a senhora que estava atrás de mim me cutucando e avisando que eu era a próxima a ser atendida. Foi como se tivesse acordado de um sonho.

Caminhei até o guichê e quando olhei na direção em que ele antes estava simplesmente não havia ninguém, dei uma procurada rápida com os olhos e não vi nem ao menos ele por perto, indo embora. Sumiu como se nunca tivesse estado ali.

Na volta para casa, a chuva batia com força na janela do ônibus, um verdadeiro temporal de verão. Não deixei de pensar nele um segundo sequer. Mesmo tendo um guarda-chuva fiquei ensopada só de andar do ponto até em casa.

Em frente ao meu prédio tem uma sorveteria que eu considero uma espécie de refúgio. Sempre que tenho algo em mente atravesso a rua, peço um sorvete de cereja e decido que tenho o tempo de terminá-lo para pensar no assunto.

Foi por isso que, ao invés de entrar em casa, mesmo com os pés encharcados, atravessei a rua. Depois da última colherada de sorvete de cereja concluí que preferia imaginar tudo como um sonho. Um daqueles que a gente tem às vezes, totalmente acordados, em meio a multidões, e que tem a capacidade mágica de fazer o tempo parar.