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quarta-feira, 7 de julho de 2010

Coisas Frágeis - Neil Gaiman



Sim, eu sou uma tremenda paga pau deste brilhante escritor britânico, como narrei no post abaixo.

Coisas Frágeis se trata de um livro de contos, escritos em épocas diferentes e não necessariamente para este livro. Cada um segue uma forma diferente de narração e cada um foi escrito com um intuito diferente. Como não sei dizer qual é meu preferido vou falar um pouquinho sobre cada um, assim como faz o autor nas primeias páginas explicando a origem dos mesmos.
Além disso, esse livro me fez conhecer a banda pela qual ando apaixonada, One Ring Zero, que, segundo titio Gaiman, foi meio que responsável pela escolha do título (a história toda é mais complexa, sugiro a leitura do livro para saber a íntegra).
Vamos aos contos:

"Um Estudo em Esmeralda": como sou grande fã de Sir Arthur Conan Doyle e adoraria que Sherlock realmente tivesse existido, achei o conto fascinante. Começa pelo título, fazendo alusão ao livro que introduziu Sherlock Holmes na literatura, "Um Estudo em Vermelho". Incrível como se assemelha à forma de Conan Doyle escrever, mas com uma linguagem mais simplista, bem própria do Gaiman. Segundo o autor, o quesito bizarrices do conto é pura influência de H. P. Lovecraft, que eu particularmente não conheço, mas acabei ficando bastante curiosa, ainda mais depois de ler que o cara se inspirava em seus pesadelos para escrever.

"A Vez de Outubro": não gostei do final. A ideia é boa: um conto com um menino vivo e um morto. Gostei das características de cada mês personificado, bastante único, mas repito - não gostei do final. Fiquei me sentindo como se tivesse lido qualquer obra do Stephen King, as quais sempre vou indo empolgada até chegar no final e ficar indignada, como se tivesse sido enganada.

"Lembranças e Tesouros": ao melhor estilo Sandman, a anteriormente citada história em quadrinhos que eu tanto amo. Bizarro é pouco, além de chocante. Temática mais pesada, incluindo pederastia e pedofilia.

"Os Fatos no Caso da Partida da Senhorita Finch": segundo o autor essa é uma história real, que ele só muda os nomes pra proteger os envolvidos. Minha opinião? Du-vi-de-o-dó! Fantástica DEMAIS pra ser realidade. Deveras interessante, devo confessar, e narrada de forma a parecer real, mas os elementos não permitem o fato. Em uma conversa com um funcionário da livraria Saraiva fiquei sabendo que fizeram um filme desse conto. Preciso ver!

"O Problema de Susan" - tá, Gaiman é revoltado com o final da saga de 7 livros escrita por C. S. Lewis - As Crônicas de Nárnia. Eis que tem a brilhante ideia de escrever um conto sobre tal revolta. Loucura total, deturpação da história infantil e tudo o mais. Fiquei meio assim, uma vez que eu adoro As Crônicas de Nárnia e gostaria de manter a visão inocente que faço dessa obra, mas não posso negar que o conto é bem escrito.

"Golias": escrito para ser lançado no site do filme Matrix. Odeio Matrix, os nerds do mundo que atirem pedras em mim, não gosto mesmo. Adorei o conto. É brilhante. Dá agonia, uma certa pena do personagem principal e te faz pensar, juro.

"Como conversar com garotas em festas": menti quando disse que não sei qual o meu preferido. Essse sem dúvida ganhou meu coração. Me lembrou muito Douglas Adams, menos engraçado, mas o mesmo tema. Parte que resume a história, pra quem ainda não conseguiu entender do que se trata o conto, mesmo depois de citar Douglas Adams "- São só garotas - ele retrucou. - Não são seres de outro planeta".

"O Pássaro-Do-Sol": engraçado, sutil e único. Também, esse foi escrito pra filha do Gaiman. Presente de aniversário 1 ano e meio atrasado. Adoro coisas que fazem alusão ao Egito, ganhou pontos por isso, e outros pontos pela criativade gastronômica.

"O Monarca do Vale": pra quem assistiu Beowulf o conto fica mais lógico, mas bem mais previsível. Muito bom, intrigante e retoma a linguagem mais chula e pesada de Sandman, além dos personagens do conto Lembranças e Tesouros. Finaliza bem o livro como um todo.

"Enquanto escrevo isto, me ocorre que a peculiaridade da maioria das coisas que consideramos frágeis é o modo como elas são, na verdade, fortes." - N. G.



Lolita - Vladimir Nabokov



Esse a maioria conhece a história, ou ao menos acha que conhece. Tudo em razão do filme, ou melhor, dos filmes (1962 e 1997) adaptados da obra. Não vi nenhum dos dois, infelizmente. Pretendo, dentro em breve, mudar isso.
A história é narrada por Humbert, o infeliz apaixonado por Lolita, que a escreve enquanto preso, aguardando sua condenação.
Resumindo bem resumido, praticamente nem fazendo jus a obra, vale dizer que a história é o seguinte: um europeu, sem grandes atribuições (apenas as que ele faz de si próprio), com um desvio de conduta - o bendito sofre da tal da pedofilia. Chamo de desvio de conduta uma vez que o próprio personagem assim a trata. Eis que o cara sai da Europa, vai pra terra do Tio Sam e lá conhece Lolita, uma menina de 12 anos, filha de sua senhoria, por quem se apaixona loucamente. O resto não vou contar porque seria muito spoiler.
O que achei mais inteligente, além da trama em si, é a forma como foi escrita. O narrador/personagem alterna muito a forma de narrar, ora falando em total primeira pessoa, ora mudando para 3ª. A confusão de nomes também é bastante criativa e as falas diretas do narrador ao leitor são simplesmente GENIAIS, como por exemplo "Em sua forma impressa, este livro está sendo lido, assim suponho, nos primeiros anos do próximo século (1935 mais oitenta ou noventa anos: tenha vida longa, meu amor!)..." Como bem disse um amigo meu, é incrível essa questão do tempo. Ao passo que nós, reles mortais um dia simplesmente viramos poeira, o livro é atemporal.
A trama em si é muito bem elaborada e na minha singela opinião o final é inesperado, a coisa toda muda da segunda parte pro final de tal forma que me surpreendeu um bocado.
Na edição que li, ao final do livro, o autor relata um pouco sobre do que se trata o livro afinal. Desse relato, o que mais me chamou atenção foi a forma como ele ridiculariza certas interpretações de seu livro, como a suposição de alguém sobre se tratar da velha Europa corrompendo a nova América ou o contrário, chamando atenção para o fato de que sua intenção era apenas narrar uma trama intrigante e chocante, afinal fala sobre um tabu da época.
Um livro fascinante, muito bem escrito e feliz o dia em que Vladimir resolveu abandonar o anonimato e se revelar o autor desta brilhante trama!