domingo, 3 de outubro de 2010

Orgulho e Preconceito - Jane Austen


Obra extremamente famosa, escrita pela romancista inglesa Jane Austen em 1797, mas que como grandes obras, ainda consegue atingir os leitores mesmo tantos anos depois.
Em resumo trata-se de uma narrativa a respeito do cotidiano de uma jovem inglesa (Elizabeth) durante o século XVIII.
O livro fala muito sobre a cultura da época, destacando principalmente a posição ocupada pela mulher na sociedade inglesa daquele século.
Muitas pessoas já devem ter lido a obra, ou pelo menos visto o filme e sabem a história toda, então nem vou me ater a detalhes sobre a mesma.
Basta dizer que, como era de se esperar, me identifiquei desesperadamente com a personagem principal e fiquei extasiada com o final feliz por estar verdadeiramente torcendo por ele.
Sei dizer que Lizzy (apelido diversas vezes repetido durante a narrativa) me conquistou com seu jeito totalmente impertinente e sincero de ser.
Ao passo que sua irmã mais velha Jane era querida, paciente e bondosa, e suas irmãs mais novas eram frívolas e desagradáveis, Elizabeth era questionadora e pouco convencional.
O "mocinho" do romance também me agradou imensamente, no começo era um completo babaca, presunçoso e orgulhoso e no final surpreende todo mundo.
Mas pra ser bem sincera, acho que na vida real nunca daria certo. Jamais um cara rico e mimadinho como Darcy iria se apaixonar enlouquecidamente por alguém como Elizabeth, sem finesse nenhuma, cheia das ironias e cinismos.
Gostei do jeito sutil com que Austen fazia gracejos a respeito de determinadas condutas ou costumes, como atitudes ignorantes, casamentos por conveniência ou hierarquia social.
Enfim, apesar da linguagem mais arcaica, de ser um pouco extenso o livro e de eu ter demorado quase 1 mês lendo (graças a minha monografia), posso dizer que valeu a pena, e muito, ter pedido emprestado esse título.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Os Criminosos Vieram Para o Chá - Stella Carr


Esses dias, enquanto arrumava meu quarto, um livro me chamou atenção. Lembro bem do dia em que o comprei: o título me deixou bastante curiosa e custava apenas R$ 2,00! Eu tinha meus 09 anos e meu gênero preferido era (e sempre será) o suspense, amava os romances policiais, os contos de terror e mistérios.
Não faço idéia de quantos títulos da Agatha Christie já li, muitos (muito longe de serem todos, é claro). Conheci Edgar Allan Poe nessa mesma época (aos 08, pra ser mais exata), além de ter lido alguns do Arthur Conan Doyle e, é claro, milhares daqueles da Coleção Vagalume.

A história de “Os Criminosos Vieram Para o Chá” é muito divertida, e a criatividade não se restringe à trama em si, mas se estende, em especial, aos personagens. A autora é outra apaixonada pelo gênero, além de se dizer uma amante do cinema, o que a leva a fazer certas “brincadeirinhas” ao longo da obra, como incluir aparições aleatórias e sem contexto do grande cineasta Alfred Hitchcock, fazendo alusão às aparições que Hitchcock fazia em seus próprios filmes. Além disso, a autora prestigia ainda Conan Doyle e Agatha Christie, na medida em que os personagens da trama se assemelham física e psicologicamente aos velhos conhecidos desses excelentes escritores ingleses.

O livro é direcionado ao público infanto-juvenil, mas posso garantir que contém sutilezas que só um adulto conseguiria perceber. Além disso, por se tratar de literatura juvenil, se apresenta em forma de uma leitura bastante leve e agradável, que se encerra em poucas páginas.

Foi bastante prazeroso reler uma obra tantos anos depois, mas aposto que seria ainda melhor se esse blog já existisse naquela época e eu pudesse comparar as impressões da primeira leitura, feita ainda na infância, com essa de agora.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

O Hobbit - J. R. R. Tolkien


Ao que parece iniciei uma saga de leituras "tolkienanas" seguindo a ordem cronológica em que foram escritas. Creio que agora se trate de uma verdadeira obsessão, ainda mais depois de ler naquele livro "A Linguagem Secreta dos Aniversários" que nascidos no dia dos formuladores têm a tendência de colecionar tudo, não apenas objetos, mas tudo que possa ser colecionado. Não sei vocês, mas eu posso considerar isso que faço em meu blog uma espécie de coleção.
Enfim, voltando ao livro, se trata da história de um hobbit chamado Bilbo Bolseiro (Bilbo Baggins no original) muito sossegado que acaba sendo surpreendido pelo famoso mago Galdalf e entra numa aventura sensacional com um bando de anões, enfrentado os maiores perigos do universo. Pra quem conhece a história de O Senhor dos Anéis é muito interessante, por que consegue fazer os links exatos com a magnífica trilogia. Já pra quem não leu esses livros porque são muito grandes e não viu os filmes porque teve preguiça não faz mal, O Hobbit é uma leitura extremamente agradável.
Assim como Roverandom também é direcionado ao público infantil e devo dizer que, inclusive, testei a leitura em voz alta e consegui me imaginar perfeitamente fazendo a mesma leitura à noite, para meus futuros filhos (que ainda são apenas fruto de minha mente fértil).
Como toda obra de Tolkien, possui incrível detalhamento de personagens e cenários, sendo que os últimos me deixam bastante confusa. Acredito que isso se dá em razão da minha total falta de noção espacial e imaginação geográfica, que não melhora nem mesmo com a ajuda dos mapas e desenhos constantes no livro (espero que você tenha mais sorte que eu).
A história é divertidissima e os personagens cativantes, além do enredo poder ser considerado 'politicamente correto', até porque como toda boa história pra criança tem que ter lições de moral e conter valores do "bem".
A cada livro lido venero mais e mais esse fascinante linguista e sinto cada vez mais pesar por toda a história e seus incríveis detalhes não passarem de mera criação fantástica, tão distante da triste realidade que nos cerca.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Cartas Para Julieta


É, não é um livro. É um filme. Lógica? Quem se importa com lógica e padrão? Esse blog é meu e eu escrevo sobre o que eu bem entender.
O filme é lindo, é a história de Sophie, uma nova iorquina que vai com o noivo para Itália, numa suposta viagem romântica, mas o cara não dá a mínima atenção pra ela. Em suas andanças por Verona, sozinha e abandonada, Sophie acaba conhecendo um muro onde mulheres do mundo todo deixam cartas para Julieta (é, aquele do Shakespeare), pedindo conselhos amorosos. E Sophie descobre que um grupo de mulheres recolhe todos os dias essas cartas e respondem a todas. Aí a protagonista acha numa pedra solta uma carta escrita há meros 50 anos e responde toda empolgada. Em menos de uma semana surge em Verona a autora da carta, uma senhora inglesa, Claire, e o neto galã. Eles ficam o filme inteiro atras do Lorenzzo, o amor da vida da véia.
Lógico que eu chorei, sempre choro. A hora que a Claire encontra o Lorenzzo então, eu nem conseguia ler legenda, de tanto que chorava. Óbvio que Sophie chuta o noivo desalmado e termina com juras de amor com o neto galã, nem é spoiler eu falar, é fato que todos esperam se consumar desde o primeiro segundo em que o inglezinho surge em cena.
Nota que preciso fazer: a única coisa que me fez simpatizar com a Sophie é que a paixão dela é escrever, o sonho da menina é ser jornalista e sim, ela escreve sobre a pira em Verona atrás do Lorenzzo e publicam depois a história dela, lógico.

Agora hora de falar mal.
O filme é super clichê, cheio das coisas que não acontecem JAMAIS na vida real, como o noivo que só pensa em conhecer vinhedos e casas de queijo (ele é chef de cozinha) e não dá a mínima pra noiva. A guria tá noiva do sujeito faz mais de 1 ano e só depois de ir pra Verona que percebe o quanto ele é babaca e não dá certo, antes da viagem tudo era lindo, né? O neto galã chega sendo o maior escroto do filme e em 3 ou 4 dias com a loirinha vira um anjo de pessoa. Os caras passam uma semana juntos, chega no final do filme (cena dum casamento, CLICHÊ) já tão dizendo que se amam.
Maaaaaaaaas, o amor dos véios é lindo. Imagine um amor que durou 50 anos. Eu sei porque durou, porque eles não conviveram, cada um foi pro seu lado, casou com outras pessoas, daí é fácil continuar amando, né? Ai credo, eu acabando com o romantismo do filme.
Outra coisa, se vocês amigos querem descobrir o que leva as mulheres a serem tão dramáticas, a resposta é simples: comédias românticas.
Nesse gênero de filme o relacionamento perfeito é aquele onde o cara vive em função da mulher, quer ficar grudado nela 24h por dia e antes do final do filme já tá pedindo em casamento. Esse tipo de construção romantizada é que faz das mulheres seres tão neuróticos quando o assunto é relacionamento. Porque elas ficam com a visão de que aquilo é que amor.
E não é. Ninguém parece entender que as pessoas continuam sendo indivíduos, antes, depois e durante o relacionamento. Não é porque duas pessoas estão juntas que elas devem se tornar uma coisa só! Geez!
Enfim, acho que divaguei demais, vou dormir que tá tarde e eu ainda to de ressaca!

Informações Técnicas do Filme
Título Original: Letter to Juliet
País de Origem: EUA
Gênero: Drama/Romance
Ano de Lançamento: 2010
Direção: Gary Winick

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Uma História dos Piratas - Daniel Defoe


Pra quem achou o nome do autor familiar é porque com certeza já leu 'Robinson Crusoé', história clássica do naufrago que vive 28 anos numa ilha, lutando contra a natureza e seus fantasmas pessoais, escrita em 1719.
Acontece que 'Uma História dos Piratas' é um pouco diferente, é um apanhado de histórias sobre piratas, escritas por Defoe sob o pseudônimo de capitão Charles Johnson e com o intuito de criticar a pirataria e o Império por não tomar as medidas necessárias para acabar com essa folia.
A edição que eu li contém apenas uma seleção dos capítulos do livro original, cujo título quilométrico é "História geral dos roubos e assassinatos dos mais conhecidos piratas, e também suas regras, sua disciplina e governo desde o seu surgimento e estabelecimento na ilha de Providence em 1717, até o presente ano de 1724. Com as notáveis ações e aventuras de dois piratas do sexo feminino, Mary Read e Anne Bonny antecedida pela narrativa do famoso capitão Avery e de seus comparsas, seguida da forma como ele morreu na Inglaterra."
Fizeram uma edição completa em 1972, que depois foi corrigida e aumentada em 1999 por Manuel Schonhorn e é a partir dessa versão que fizeram a edição brasileira a que tive acesso.

A leitura não é das mais empolgantes por conter um vocabulário naval que desconheço, como por exemplo o que são fragatas? Ou chalupas? Além de que fica muito claro o quanto o autor abomina a "arte" da pirataria, fazendo as narrações serem mais sobre como os caras acabaram morrendo ou sendo presos do que sobre suas conquistas ou peculiaridades. Até a narrativa do Barba Negra é sem gracinha.
Acho que está óbvio também o quanto eu, diferente do Defoe, adoro a pirataria. Mas dá pra entender o cara, né. Não deve ser nada legal ter medo de andar de barco sem ser surpreendido por um bando de ladrões sem um pingo de escrúpulos, e extremamente libidinosos, ainda por cima.
Enfim, voltando ao livro, não vejo nada demais na forma como ele escreve, ao contrário. Acho meio confuso, pra ser bem sincera. O tema é bom, mas a perspectiva do autor não me atrai.

Espero que o próximo livro eu escolha melhor!

Roverandom - J. R. R. Tolkien


Sim, Tolkien! Não só de 'O Senhor dos Anéis' viveu esse magnífico escritor inglês.
Eu particularmente só havia lido a tal saga do Frodo, e me sentia uma medíocre apreciadora de Tolkien, tudo bem que com apenas mais um livro pra contagem eu continuo sendo super medíocre, mas enfim...
Roverandom é bastante diferente da tal mitologia de Tolkien, apesar de conter vários de seus elementos tradicionais, como 3 magos que são claramente os antecessores de Gandalf (já que Roverandom é de 1925-1927) e até a inclusão da Terra dos Elfos (Valfenda). A grande mudança é o público - esse livro foi verdadeiramente escrito para crianças.
Pra ser mais específica a história toda foi criada, inicialmente, para os próprios filhos do Tolkien. Segundo a versão que eu li, Tolkien inventou as aventuras do cachorrinho Rover (Roverandom) depois que seu filho Michael perdeu um cachorrinho de brinquedo que gostava muito, quando passeava na praia.
O livro é o seguinte - um cachorro que por irritar um mago acaba sendo transformado em cachorro de brinquedo e consequentemente acaba vivendo grandes aventuras, indo da Lua ao fundo do mar! Loucura total, mas achei lindo um pai ter tanta criatividade só para entreter os filhos.
A história é uma graça! Cheia de alusões a outros grandes autores (incluindo até Lewis Caroll), mitologia nórdica, grega e da própria Grã-Bretanha e alguns outros fatores bem próprios da época.
A melhor parte pra mim foi a definição de Tolkien sobre o "Dark Side Of The Moon", que na história se trata do lugar pra onde as pessoas vão quando sonham, e diz ele ser o Homem-da-Lua o responsável pela maioria dos nossos sonhos.
Só preciso fazer um adendo - as crianças nas décadas de 20-30 eram muito mais intelectuais que as de hoje em dia, se der Roverandom na mão de qualquer criança de uns 10 anos de hoje em dia ela não vai entender uma única frase de forma plena. Aliás, as crianças de hoje nem sabem o que fazer com um livro, pra quê, né? Se elas têm acesso à Internet e podem xingar muito no twitter depois, sério!

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Coisas Frágeis - Neil Gaiman



Sim, eu sou uma tremenda paga pau deste brilhante escritor britânico, como narrei no post abaixo.

Coisas Frágeis se trata de um livro de contos, escritos em épocas diferentes e não necessariamente para este livro. Cada um segue uma forma diferente de narração e cada um foi escrito com um intuito diferente. Como não sei dizer qual é meu preferido vou falar um pouquinho sobre cada um, assim como faz o autor nas primeias páginas explicando a origem dos mesmos.
Além disso, esse livro me fez conhecer a banda pela qual ando apaixonada, One Ring Zero, que, segundo titio Gaiman, foi meio que responsável pela escolha do título (a história toda é mais complexa, sugiro a leitura do livro para saber a íntegra).
Vamos aos contos:

"Um Estudo em Esmeralda": como sou grande fã de Sir Arthur Conan Doyle e adoraria que Sherlock realmente tivesse existido, achei o conto fascinante. Começa pelo título, fazendo alusão ao livro que introduziu Sherlock Holmes na literatura, "Um Estudo em Vermelho". Incrível como se assemelha à forma de Conan Doyle escrever, mas com uma linguagem mais simplista, bem própria do Gaiman. Segundo o autor, o quesito bizarrices do conto é pura influência de H. P. Lovecraft, que eu particularmente não conheço, mas acabei ficando bastante curiosa, ainda mais depois de ler que o cara se inspirava em seus pesadelos para escrever.

"A Vez de Outubro": não gostei do final. A ideia é boa: um conto com um menino vivo e um morto. Gostei das características de cada mês personificado, bastante único, mas repito - não gostei do final. Fiquei me sentindo como se tivesse lido qualquer obra do Stephen King, as quais sempre vou indo empolgada até chegar no final e ficar indignada, como se tivesse sido enganada.

"Lembranças e Tesouros": ao melhor estilo Sandman, a anteriormente citada história em quadrinhos que eu tanto amo. Bizarro é pouco, além de chocante. Temática mais pesada, incluindo pederastia e pedofilia.

"Os Fatos no Caso da Partida da Senhorita Finch": segundo o autor essa é uma história real, que ele só muda os nomes pra proteger os envolvidos. Minha opinião? Du-vi-de-o-dó! Fantástica DEMAIS pra ser realidade. Deveras interessante, devo confessar, e narrada de forma a parecer real, mas os elementos não permitem o fato. Em uma conversa com um funcionário da livraria Saraiva fiquei sabendo que fizeram um filme desse conto. Preciso ver!

"O Problema de Susan" - tá, Gaiman é revoltado com o final da saga de 7 livros escrita por C. S. Lewis - As Crônicas de Nárnia. Eis que tem a brilhante ideia de escrever um conto sobre tal revolta. Loucura total, deturpação da história infantil e tudo o mais. Fiquei meio assim, uma vez que eu adoro As Crônicas de Nárnia e gostaria de manter a visão inocente que faço dessa obra, mas não posso negar que o conto é bem escrito.

"Golias": escrito para ser lançado no site do filme Matrix. Odeio Matrix, os nerds do mundo que atirem pedras em mim, não gosto mesmo. Adorei o conto. É brilhante. Dá agonia, uma certa pena do personagem principal e te faz pensar, juro.

"Como conversar com garotas em festas": menti quando disse que não sei qual o meu preferido. Essse sem dúvida ganhou meu coração. Me lembrou muito Douglas Adams, menos engraçado, mas o mesmo tema. Parte que resume a história, pra quem ainda não conseguiu entender do que se trata o conto, mesmo depois de citar Douglas Adams "- São só garotas - ele retrucou. - Não são seres de outro planeta".

"O Pássaro-Do-Sol": engraçado, sutil e único. Também, esse foi escrito pra filha do Gaiman. Presente de aniversário 1 ano e meio atrasado. Adoro coisas que fazem alusão ao Egito, ganhou pontos por isso, e outros pontos pela criativade gastronômica.

"O Monarca do Vale": pra quem assistiu Beowulf o conto fica mais lógico, mas bem mais previsível. Muito bom, intrigante e retoma a linguagem mais chula e pesada de Sandman, além dos personagens do conto Lembranças e Tesouros. Finaliza bem o livro como um todo.

"Enquanto escrevo isto, me ocorre que a peculiaridade da maioria das coisas que consideramos frágeis é o modo como elas são, na verdade, fortes." - N. G.