
Versão a que tive acesso:
Kama Sutra de
Vatsyayana; traduzido do sânscrito com introdução e observações de Sir Richard
Burton; tradução de
Luciane Aquino - Porto Alegre: L&
PM Pocket, 2009.
Páginas: 238
Nota: 2,5/5
Não sei quem foi o depravado que nos fez acreditar que o
Kama Sutra era meramente um livro de posições sexuais, sei que essa ideia é COMPLETAMENTE equivocada!
Essa obra é na verdade uma espécie de manual a respeito das relações
interpessoais entre homens e mulheres. Acontece que
Kama significa prazer, e o
objetivo da obra é dizer que o prazer (
kama) é tão importante quanto a riqueza (
artha) e o mérito religioso (
dharma).
O livro foi escrito por esse tal de
Vatsyayana não se sabe em que época e menos ainda se sabe sobre o próprio autor. A versão a que temos acesso nos dias de hoje é uma tradução feita por um inglês chamado Richard Francis
Burton.
Para entender melhor do que se trata o bendito (será?)
Kama Sutra, vou explicar por cima do que se tratam as 7 partes em que foi dividido:
Parte I - O Sutra de
Vatsyayana: parte
introdutória que explica os conceitos de
Dharma,
Artha e
Kama e fala sobre a vida de um cidadão e a artes e ciências que devem ser estudadas.
Parte II - Sobre a União Sexual: PRONTO, chegamos na única parte conhecida do
Kama Sutra e juro que não tem nada de pornográfico na descrição das posições ou menos ainda na parte em que ele explica sobre as "preliminares" (que são bem diferentes das nossas). Abraçar, beijar, morder, beliscar, arranhar e várias outras formas de deixar marcas são formas de preliminares e DEVEM ser feitas, para mostrar que a coisa foi boa.
Parte III - Sobre a Aquisição de Uma Esposa: aqui fala um pouco sobre quem são as mulheres indicadas para o casamento e como o casamento pode ser conquistado ou forçado
Parte IV - Sobre a Esposa: apenas como as esposas devem se comportar na presença ou ausência do marido e no caso de várias esposas como as mais velhas se portam em relação às mais novas.
Parte V - Sobre as Esposas dos Outros: essa foi uma grande surpresa pela diferença cultural. Acontece que para eles era normal que homens e mulheres mantivessem relações
extraconjugais, contanto que fossem mantidas em segredo. Além do que, elas poderiam ser muito úteis (além de
prazerosas), quando tivesse interesses políticos, monetários ou mesmo de vingança envolvidos.
Parte VI - Sobre as Cortesãs: uma das melhores partes do livro todo, aqui explica tudo que as cortesãs podiam e deviam fazer. As cortesãs eram mulheres respeitadas pois eram mais sábias e instruídas que as mulheres comuns, além do que viviam do prazer. E também podiam viver como esposas de alguém, caso fosse conveniente. Muito peculiar e interessante.
Parte VII - Sobre os Modos de Atrair os Outros:
vááárias dicas de estratégias para se tornar interessante aos olhos dos outros assim como receitas de
macumbas com o mesmo efeito (e pra melhorar o desempenho sexual também).
Com essa leitura aprendi algumas coisas: 69 chama posição do corvo, eu sou uma mulher-corça e se tivesse nascido nessa cultura provavelmente teria me tornado cortesã.
Não achei a leitura
ótima e super empolgante, mas é sempre válido acrescentar conhecimento, ainda mais sobre diversidade cultural.